CASAL DO FOZ A TERCEIRA LENDA

Sem duvida, o Brasil é o País do futuro. Há apenas, de não se adiar esse futuro.

terça-feira, 4 de maio de 2010

AMOR NA GUERRA

 
TRÊS MARIAS - LUACA

Um pelotão vindo do quartel de Nova Lisboa, foi estacionado na Fazenda Três Marias, com a missão de fazer parte da logística do Esquadrão 297.
Não estava enquadrado com armas pesadas, pelo que logo o comando operacional fez avançar para a força aquela componente.
A catorze de Novembro, a nomeação chegou ao pelotão a que pertencia o Onofre, para preencher a lacuna, com o consequente novo destacamento da respectiva esquadra.
A metralhadora pesada Breda, era como que indispensável, em qualquer aquartelamento, em virtude da eficácia que lhe era atribuída.
O serviço não mudou a vigilância, que já era exercida nas viagens pelas picadas entre as Três Marias e Tari. Sempre missões dissuasoras, obrigatórias levar a cabo naquele terreno.
No dia dezoito, ainda no mês onze, deu-se a primeira deslocação à Fazenda sede do Esquadrão, foi a oportunidade de, pelo apelidado "jornal de caserna", serem postos em dia acontecimentos de toda a índole, a informação era indispensavelmente desejada.
A vinte e dois de Novembro a rádio difundiu o estranho assassinato em Dallas, do Presidente dos Estados Unidos, Jonh Fitzgerald Kennedy, exactamente o governante de uma das maiores potências mundiais.
Onofre muito dado a estados nostálgicos, apenas por pensamento, porque nunca divagava para além de se questionar sobre o andamento dos acontecimentos, mesmo de âmbito mundial.
Intuiu que a guerrilha iria durar mais alguns anos, porque desaparecera um governante de muita influência nas políticas mundiais, dando mostras por várias formas, ser avesso ao colonialismo, que continuava a motivar o racismo.
Entre as operações de caçadas, quase sempre infrutíferas, parecia que a guerrilha com os muitos tiroteios, também tinha afastado os animais de caça. Só uma ou outra vez se deixavam ver, a não ser uma ou outra pacaça apanhada.
Servia de rancho, onde se verificava a carne ser dura.
Dois militares na paisagem

A nomeação para serviços, mesmo os dedicados à caça, que poderiam ter a conotação de lúdicos, indispensavelmente, eram acompanhados de aparato militar.
No dia cinco do décimo segundo mês de 1962, soube ter-se a lamentar mais três baixas no Esquadrão do comando.
Na Fazenda Três Marias as deslocações eram em menor quantidade, houve algumas a Quimanoche, para trazer materiais destinados a melhorar aquelas instalações paramilitares.
A maior parte destinavam-se a viagens ao Tari. Nessas sempre se reparou na habitual passagem, por um grupo de árvores, poder ser observada a graciosidade dos macacos saguins, que nas árvores saltavam entre pequenos ramos, executando um espectáculo inolvidável.
Aquele género de símios era já conhecida, em cativeiro na metrópole, mas vistos no seu habitat natural em grandes grupos era diferente, deveras interessante o seu equilíbrio nos ramos, mesmo os de diminuto porte que os suportavam!...
Dos muitos quilómetros percorridos, só ali se encontrava a espécie.
Relativamente perto, na fazenda Lifune, onde se podia ver um desses exemplares em cativeiro, tomou-se conhecimento da forma de apanhar vivo um desses buliçosos animais.
Mune-se o caçador de uma cabaça previamente limpa do recheio. Por dentro, por uma cavidade criada, metem-se algumas pevides, o símio deita a mão ao petisco, de que é extremamente guloso. Sendo um tipo de animal com características de muita esperteza é incapaz de intuir, nesse particular, que só largando as sementes que, apanhara tornando a mão maior do que o buraco, se conseguirá libertar.
Como teima em não largar o pecúlio e em manter-se na posse do mesmo, facilmente é apanhado vivo pelo caçador!
Em Três Marias festejou-se o Natal de 1962, em relação a outros dias houve diferença, o rancho do jantar, constituído por galinha corada, foi melhorado e tido em conta no fim, a degustação de um cálice de brandy.
A apoteose esteve a cargo dos militares nativos, com a execução de um batuque, durou até alta madrugada.
Chegou o fim de 1962 com tempos passados perto do rio de referência, do nome da Fazenda, o Luaca que passava perto, entre inolvidável paisagem, com inúmeros fraguedos, várias vezes visitado para banhos, com o indispensável acompanhamento bélico, para fazer face a qualquer surpresa.
Nada aconteceria, de ataques por aqueles sítios, houve dias em que o labor se resumia à leitura e... "esperar com impaciência as horas da comida", como o frade personagem livresca Frei Januário.

Daniel Costa

1 comentário:

  1. Aprecio ler estas narrativas, Daniel. Se não fosse através de você, jamais saberia ou imaginaria todos estes fatos. muito bom! Mas fiquei com pena do macaquinho rsrs. Aqui onde moro ainda possui algumas espécies. Vez ou outra batem nos fios da rua e são eletrocutados.Ficamos sem luz e é um corre corre de bombeiros rsrs. Ah, que dó!



    Beijos, amigo.

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