CASAL DO FOZ A TERCEIRA LENDA

Sem duvida, o Brasil é o País do futuro. Há apenas, de não se adiar esse futuro.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

AMOR NA GUERRA

A VIAGEM

Depois de cerca de quatro meses de estadia na Gabela, integrado Esquadrão 297 a servir o exército, na quarta-feira, dia vinte e quatro de Junho, Onofre e alguns companheiros saíram da escala de serviço.
Iam preparar-se para formar o pelotão, a fazer parte do esquadrão eventual 350, destinado à zona onde operava a Companhia Diamantífera, Diamang, com sede na cidade do Dundo, em deslocação aprazada para o dia seguinte.
Partiu-se logo às duas da manhã, nas habituais camionetas civis, de caixa aberta, com chegada às seis, ainda da mesma madrugada, à vila da Cela.
Duas horas depois, deu-se a abordagem ao rio Covo atravessado de jangada por toda a tropa e respectivas camionetas.
Depois da madrugadora travessia, a tornar-se mais um motivo interessante, para eventuais sonhadores, seguiu-se viagem nos mesmos meios de transportes por picadas.
Às quatro da tarde, chegou-se à cidade de Nova Lisboa e ao grande quartel, que dava pelo nome de Escola de Aplicação Militar, o destino da pernoita.
Logo aí Onofre, sempre cumpridor, sentiu a falta da disciplina táctica da instalação, muito característica ao comando do Capitão Alves Ribeiro, censurado por muitos, por ser considerado demasiado rígido, mas a sua actuação na circunstância seria a habitual, digna de um grande comandante que instruiria os seus comandados assim:
- "Cada um fica livre para se entreter nesta cidade, como lhe aprouver, amanhã às X horas apresentar-se-á aqui, para seguirmos viagem".
Tal não aconteceu, porque o comandante do novo esquadrão, criado a partir do Batalhão 350, capitão Ferrand de Almeida, nem sequer aproveitou aquela pausa, para iniciar a formação do que, deveria ser um espírito de corpo de força militar.
Mesmo se usasse voz de comando firme, seria tranquilizadora, enquanto moralizava, mas todos foram conhecer a novel cidade, a segunda da Colónia.
O Onofre foi com um amigo, dando a volta sempre objectivando conhecer as mulheres, como qualquer militar na flor da vida que se prezasse.
Iam deambulando até que, a certa altura, entraram em conversa com duas garotas, uma de raça negra ambas lindas, porém duma cor acastanhada, não obstante não apresentar sintomas de qualquer cruzamento.
O duo andava em procura de maridos e julgando que estavam com militares que vinham estacionar ali, concluíram que se tinha feito luz nas suas vidas.
Desejavam veementemente ser levadas de táxi para a casa onde moravam ambas. Como já era noite, começou logo a ser consumado o "casamento", que durou até chegar a madrugada.
Despedias observadas, ambos os amigos pegaram um outro táxi, dando-se a entrada no quartel, onde era pressuposto algum tempo de dormida, que não se chegou a efectuar.
Na parada notava-se um movimento desusado, para essa hora tardia, demais num aquartelamento.
Observando o evento, chegado da casa onde pontuava o cabo rancheiro. Acontecia que o mesmo estando com gente oriunda de várias povoações localizadas próximo da terra da sua origem decidiu, já que dispunha de géneros alimentícios, festejar a vitória da Volta a Portugal em bicicleta do ano de 1962, protagonizada por seu irmão, o consagrado Joaquim Leão.
A origem de um dos dois companheiros era o mesmo concelho, pelo que ambos foram convidados para o petisco, pelo eufórico anfitrião.
Já só com o toque da alvorada foi dada por terminada a festa de confraternização.

Daniel Costa

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