CASAL DO FOZ A TERCEIRA LENDA

Sem duvida, o Brasil é o País do futuro. Há apenas, de não se adiar esse futuro.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

AMOR NA GUERRA

SERVIÇO PERMANENTE

Um de Janeiro de 1963, entrava-se num novo ciclo anual.
Para lembrar o Dia de Ano Novo, o rancho foi apresentado com uma suculenta carne, proveniente de uma matança de porco, um bácoro por sorte apreendido, na altura, algures em posição terrorista.
A sete do primeiro mês de sessenta e três, o Esquadrão, sempre em serviço, numa das habituais batidas de limpeza viu-se obrigado a infligir várias baixas, além de ter capturado dois rebeldes.
No dia seguinte doze inimigos, em mais uma batida, numa outra operação.
De seguida novo êxito em baixas humanas, no campo terrorista e a captura de vários elementos, dois considerados muito activos e perigosos.
Por esta altura o Major Caldeira, entretanto Comandante interino do Batalhão de Cavalaria 350, em virtude de baixa por doença do Tenente-Coronel Costa Gomes, que logo mostrara aversão pelo Esquadrão 297.
Era o resultado este ser considerado mais apto, em virtude de ter passado três meses adido ao Regimento de Infantaria, na cidade de Faro, onde esperou embarque, sempre em preparação militar adequada à guerrilha,
Tanto bastava para detestar qualquer soldado que informasse ter passado aquele tempo adido no sul do país.
Porém, o Major com as provas da acção no terreno, com o notável comando operacional, um dia foi ao seio do Esquadrão para participar numa batida, uma vez que então, concluíra ser no Tari que havia guerreiros a sério.
Lá foi fazer parte do que seria uma grande operação, comandada pelo alferes Leão, que talvez por ser familiar do General Governador de Angola, estava a preparar a sua desvinculação do serviço militar, fugindo da guerra consequentemente.
Esta terá sido uma das circunstâncias de no seu relatório a mencionar a impraticabilidade de prosseguir a operação, por o inimigo se apresentar com efectivos bastante superiores às tropas que este comandava.
Assim, o Oficial Superior, em Comandante do Batalhão nada viu, porque quem competia conduzir a acção recusara manifestamente a sua cumplicidade.
Como epílogo, diga-se sem receio, "farsa fardada", o Major Caldeira, o tal "pai da Cuca", em conjunto com o Capitão Alves Ribeiro, criaram problemas ao alferes, ainda depois de deixar o Esquadrão.
No aeroporto pronto a embarcar para a metrópole e ver-se livre do serviço militar e da guerra, acabou por ficar mais algum a prestar serviço no R.I.L - Regimento de Infantaria de Luanda, que funcionava como depósito de adidos.
Onofre apesar da natureza de aventureiro e de ser dado a muitas reflexões, reparara com agrado, não ter estacionado no mesmo local mais de três meses.
No dia vinte de Janeiro, à passagem das onze horas de Domingo, a tropa conheceu um alerta de se manter preparada para qualquer eventualidade, pois havia chegado denúncia, via rádio de aproximação de novas actividades terroristas.
Abastecimento indidual de água potável

Não havendo algo de anormal, chegou a altura de baixar a guarda.
Na Fazenda o pólo vivencial das actividades, civis de laboração, distava quinhentos metros do núcleo do aquartelamento militar, cercado de arame de cobre de noite ligado à electrificação, para uma primeira defesa.
Inúmeras vezes ali se encontraram serpentes electrocutadas, ficando negras junto à cerca.
Nenhuma outra espécie do reino animal conheceu ali o seu fim.
A catorze de Novembro, exactamente dois meses após a chegada à Fazenda, que se situava junto ao Rio Luaca, a guarnição de apoio ao pelotão, que viera da cidade capital do Huambo, Nova Lisboa, foi rendida por outra do mesmo Esquadrão.

Daniel Costa

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