CASAL DO FOZ A TERCEIRA LENDA

Sem duvida, o Brasil é o País do futuro. Há apenas, de não se adiar esse futuro.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AQUAEE FLAVIEE

                              

AQUAEE FLAVIEE

Uma das actividades diárias de Olavo consistia em, de quando em vez, ver se haviam chegado E-Mail’s, respeitantes às suas actividades de investigação.
Certo dia, pela primeira vez, um homem de seu nome Filipe, reclamava os seus serviços, deixara o número de telefone.
O E-Mail, provinha da cidade de Chaves, banhada pelo rio Tamêga, na Província de nortenha de Trás-os-Montes.
Os naturais de Chaves, designam-se flavienses.
Olavo, pelo celular, logo estabeleceu contacto com Filipe.
Este debatia-se com uma forte suspeita de traição matrimonial.
Desejava pedir rigorosa e sigilosa investigação.
Assim ficou marcado, para o dia seguinte, pelas dezasseis horas da tarde, o encontro na recepção do Forte de S. Francisco Hotel, instalado num edifício do século XII, já conhecido do inspector.
Olavo na sua satisfação de voltar a visitar a bonita cidade de Chaves, a Aquaee Flaviee, dos Romanos que a ocuparam, deixando vastos vestígios, para lá se dirigiu.
Às portas da cidade, encontrou um restaurante, com aspecto de bom ambiente.
Foi ali que se banqueteou com a célebre posta à mirandesa.
A posta à mirandesa, consiste num naco de carne de vaca, cortada em jeito de bife, é mais alto e grelhado.
Sendo de vaca, criada nas pastagens de Miranda do Douro, é muito saborosa por isso.
Como estava pelo nordeste de Portugal, embora já conhecesse, algo do interessante folclore carnavalesco da região, fora ainda visitar a localidade de Prodence.
Como faltavam duas horas e meia, para o encontro com Filipe, antes daria uma saltada à localidade, dada como o sitio oficial dos caretos
Na localidade, pôde saber, que os caretos são representações de homens, trajados de cores garridas, com nariz feito de latão ou de outros materiais.
Pensa-se que a tradição daquele tipo de mascarado, remonta ao período pré-romano.
O careto usa fato às ricas, com capuz vermelho, de cores garridas, feitos de colchas com franjas de lã vermelha, verde e amarela.
Carrega, ainda, bandoleiras com campainhas e enfiadas de chocalhos à cintura.
Da indumentária faz parte também um pau ou cacete.
Às dezasseis horas Olavo, estava na recepção do Forte de S. Francisco Hotel, quando apareceu Filipe.
Estavam num local muito acolhedor e de absoluta tranquilidade, apropriado para uma conversa confidencial, como a pretendida.
Se Filipe alimentava a esperança que apenas, de o que sentia não passaria de ciúme e suspeita.
Elas na percepção de Olavo teriam fundamento.
Disse-lho e então aprazaram, nova reunião para dali a dois dias no gabinete de Filipe.
Dali partiriam para almoçar num restaurante, antigo, simpático e tranquilo, como convinha, bastante conhecido localmente, e frequentado por Filipe.
Ali ouviria a veredicto que Olavo prometia apurar nesses dias.

Daniel Costa

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

OLAVO EM SETÚBAL

 
Convento de Jesus Setubal (foto Internet)

OLAVO EM SETÚBAL

À hora antes aprazada, Olavo sempre pontual, de roda do seu café, com um inseparável livro, esperava a sua cliente, Rosário.
Não tardou muito, para que esta aparecesse, na sua elegante silhueta.
Como a senha para o conhecimento pessoal do investigar, era o livro, logo o reconheceu, apresentando-se:
- Olavo com a devida vénia, indicou-lhe uma cadeira e ofereceu-lhe um café.
Rosário preferiu um licor, “beirão”, bebida de grande tradição, que de Coimbra sai muito para o mundo, sendo bastante apreciada também por mulheres.
Pela conversa telefónica Olavo, tivera intuído, o caso não passar de mero aconselhamento.
Como era bom ouvinte, convidou a cliente a pronunciar-se de novo e mais detidamente.
Ela assim fez, enquanto ele ouvia atenciosamente.
Depois de ouvir o desabafo da Rosário, mais se arreigou a ideia que o caso não passava, de um daqueles factos muito comuns entre casais:
- Fases de um certo arrefecimento, do habitual carinho, e por consequência da actividade sexual.
Foi nesse sentido que Olavo, quando chegou a sua vez, foi falando e aconselhando, como se fosse bastante experimentado nesses casos.
Ela ouviu e a determinada altura questionou:
- O arrefecimento amoroso, notório do seu Rodolfo, não atribui a caso de infidelidade?
Ao que ele respondeu, pelo que tenho ouvido, em nada me parece!
Olavo com o se à – vontade, desatou a dar conselhos, que Rosário foi ouvindo atentamente:
- Tente criar ambiente, como por exemplo, preparar um jantar de que ele aprecie, servido em ambiente romântico.
Use outros truques, muito femininos, que saiba que o Rodolfo goste.
Por vezes, a mulher poderá sentir certa desilusão e em vez de estimular e piora a situação, não será o caso?
Ela deu a sensação de o ter entendido:
- Disse, pensando melhor pode ser o caso, aconselha então a ser eu a tentar providenciar, para acertos?
Objectivamente sim, se o que tentar não der certo, pode voltar a consultar-me!
Ali deu por concluído o seu trabalho, com uma amistosa despedida.
Cerca de hora e meia durou a conversação.
Antes de regressar, ainda deu tempo para visitar o vetusto Convento de Jesus. Património cultural da cidade de Setúbal, uma das maiores de Portugal, de que guarda boas recordações.
A construção do monumento se deve à ama do rei D. Manuel I, Justa Rodrigues Pereira. Mosteiro ou Convento de Jesus, daquela cidade, data de 1490.
O Mosteiro veio a ser ocupado pelas Feiras Clarissas, em 1496.
A capela-mor é revestida de azulejo, mais tarde, em 1520-1530, na galeria renascentista, foi instalado um retábulo de pintura, considerado, um dos mais notáveis conjuntos da Arte Renascentista em Portugal.
A Igreja do Convento de Jesus, de estilo gótico, destaca-se por ter sido, em Portugal, o primeiro ensaio de “igreja salão”.
Depois, Olavo reviu ali o Museu de Setúbal com vários núcleos, como a “Casa Bocage”, “Casa do Corpo Santo / Museu do Barroco” e o “Museu Sebastião da Gama”.
A seguir regressou a casa, onde a sua adorada Vera, já o esperava carinhosa, como sempre.

Daniel Costa



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Á VISTA DE TRÓIA

                              
Praça de Bocage, em Setúbal,
com a sua imponente estátua - foto Internete

À VISTA DE TRÓIA

Conforme o previsto, Olavo embarcou para Lisboa.
Como a sua amada Vera, quando chegou, ainda estava no trabalho, foi direito a escritório conferir os Mail’s, tratando de responder, de imediato, a todos os que ainda era necessário.
Depois passou pela florista adquirir um bonito “buquet” de flores, para presentear a esposa:
- Sabia como esta iria ficar grata!
Estando esta prevenida, antecipadamente, da volta do marido, deixara preparado um jantar a seu gosto.
À chegada, logo sentiu a felicidade de ser recebida pelo seu adorado esposo, que não se cansou de a apaparicar com mimos.
Seguiu-se a jantar, muito animado, ou não fosse entre dois que se querem bem.
A noite também foi muito vivida, o desejo imperou, a Vera esteve muito insinuante e Olavo correspondia com toda a meiguice.
A outro dia o trabalho continuou.
Olavo rumou à cidade de Setúbal, para se encontrar com a Rosário, tinha um encontro agendado para o café do hotel Bocage.
Previra pelo que esta dissera por telefone, o seu assunto apenas precisaria de aconselhamento, Olavo era detentor de grande intuição.
Além de que sabia expor bem o que intuía e pensava.
Já que o encontro estava marcado para as três horas da tarde.
Aproveitou a matar saudades da cidade sadina, de que gostava bastante.
Visitou vários locais, como a Praça Bocage (Manuel Maria Barbosa do Bocage) o grande poeta erótico e satírico que, na sua cidade nasceu e que o honrou ali com uma majestosa estátua.
Veio a falecer em Lisboa, onde a capital o homenageou com nome de Rua.
Entre as várias anedotas atribuídas ao poeta, algumas mais de salão, fica esta:
- O poeta vinha a sair do café Nicola, em Lisboa.
Alguém que o queria ouvir na sua famosa espontaneidade, apontou-lhe uma pistola, fazendo-lhe a seguinte pergunta:
- Quem és, donde vens, para onde vais?
Resposta:
- “Sou o poeta Bocage, venho do café Nicola e vou para o outro mundo, se me disparas a pistola”!...
Olavo passou pelos antigos monumentos da cidade.
Depois foi observar o vai e vem, dos ferries que fazem a travessia do estuário do rio Sado, de Setúbal para a península de Tróia.
Encurtamos assim, algumas dezenas de quilómetros, as viagens para sul, enquanto de pode desfrutar de uma vista grande e magnificente paisagem marítima.
Ali se encontram as ruínas da antiga Tróia dos Romanos, onde foi encontrado um vasto complexo de salga de peixe, dos século I a VI.
Estes foram encontrados nas últimas décadas do século XX e preservados, podendo ser visitados.
No mesmo lado, uma restinga arenosa, já no concelho da vila de Grândola, estende-se por cerca de vinte e cinco quilómetros.
Esta formou-se nos últimos cinco mil anos.
A seguir almoçou um prato, na vasta Avenida Luísa Todi, um prato típico da cidade de Setúbal:
Tiras de choco frito, o que Olavo, nunca dispensa em refeições naquela cidade.
Um composto simples de choco, cebola, alho, farinha e ovos batidos
Na cidade há mesmo restaurantes a servirem, apenas, o magnifico prato.
Findo o almoço, degustado a desejo e com prazer, chegara a hora da reunião com a Rosário.

Daniel Costa