CASAL DO FOZ A TERCEIRA LENDA

Sem duvida, o Brasil é o País do futuro. Há apenas, de não se adiar esse futuro.

sábado, 3 de abril de 2010

AMOR NA GUERRA

EM NAMBUANGONGO

Até 1961, Portugal era potência administrativa de variados territórios coloniais, um pouco por todo o mundo, fruto das vastas viagens feitas por terras desconhecidas, até então, pela gesta lusitana de 1500.
Nesse ano deu-se o início do desmoronamento do mesmo. Uma escaramuça iniciada nos subúrbios de Luanda, que logo se estendeu ao Norte de Angola, foi a causa próxima.
Onofre, dito comandante de esquadra, mais os dois soldados do mesmo núcleo, Teodoro e Esquim Pinto, integrando o motorista Gastão, num Jeep propositadamente blindado e com metralhadora Breda montada, que lhes havia sido distribuído, pertenciam ao Esquadrão que substituíra no Tari-Lifune, uma das Companhias do célebre Batalhão 96, que havia reconquistado a vila de Nambuangongo.
A missão de Onofre e camaradas, com essa dissuasora arma, era o serviço de escoltas.
Foi assim que, logo nos primeiros meses de 1962, Onofre estava na vila de Nambuangongo, para onde tinha viajado em apoio ao pelotão a que pertencia.
Havia sido formada uma coluna de abastecimento.
Era naquele local, que se centrava o Comando do Sector Militar que actuava na zona.
Nambuangongo era uma das regiões onde, em 1961, havia sido lançada, a rebelião que haveria de se estender ao mundo ultramarino até 25 de Abril de 1974 data em que se deu a célebre Revolução, tornando possível a democracia no País.
A povoação era composta por uma igreja. A ladeá-la um cemitério todo cimentado, onde ficaram a repousar os militares mortos em combate na zona.
Capela da vila de Nambuangongo,reconstruída por militares,
em 1961, após a retoma do bastião da UPA
Cemitério militar de Nambuangongo, onde ficaram
 a repousaar os mortos em combate

Muita tropa passou por ali, desde praças a oficiais superiores, em missões de comando, formavam uma comunidade a tornar aliciante a visita de gente cheia de vida como o observador Onofre.
Para começar, o abastecimento demorava quase todo o dia, preenchido pela classe das praças na procura de conterrâneos, o que proporcionava inesperados encontros.
Nas cantinas militares eram lembrados episódios pitorescos, muito naturais numa mocidade fogosa.
Placa de homenagem aos mortos do Batalhão 96
que retomou Nambuangongo
Ali era uma das sedes do teatro terrorista, em virtude de tais circunstâncias verificara-se um êxodo total de residentes, incluindo já se vê o elemento feminino, a ponto de a a zona ser um exclusivo de homens fardados servindo o exército,
Na verdade, muitas incidências valiam exacerbadas recordações. Normalmente metiam namoradas ou outras aventuras vividas.
As cantinas eram os únicos pontos de encontro dos circunstantes, em serviço, que mais não tinham a fazer senão a escolta de volta. Então era à roda das "Cucas" que se processava todo o tipo de conversas, até que vinham à baila as localizadas naquele espaço e no próprio tempo que ali se vivia.
Onde há muita gente, existe sempre infinita matéria factual a abordar.
Os circunstantes sempre iguais na aparência, porque fardados pertenciam a classes mais baixas. Vários oficiais superiores, até por mais velhos, serviam os muitos motivos de interesse anedótico aos olhos da juventude.
Havia um Tenente-Coronel que já se celebrizara pela denominação de "Totobola".
Em operações militares, comandava os seus efectivos, viajando em avião, proferindo incentivos como o de ter sido grande desportista do volante e entre outros, o de ter conquistado grande número de mulheres.
Outro comandante dum Batalhão estacionado ali, num monte imediatamente a norte, todas as manhãs vinha à localidade às cambalhotas, fazendo uso da pistola, num tipo de preparação física, era o alvo das maiores chacotas.
Depois das obrigações militares tornava-se obrigatório, falar sem qualquer cerimónia de certos oficiais superiores.
Não deixava de ser curial, pois já o próprio Montegomery, figura muito conhecida da Segunda Grande Guerra, como a raposa do deserto, tinha pouco apreço por elevadas patentes, embora pertencendo a essa alta classe militar.
Naquela primeira cavaqueira, entre muitos assuntos, surgiu aquela de os terroristas terem atacado a cozinha. Da escaramuça não resultaram mortos ou feridos, pelo que a boa disposição não arrefeceu. Só os grandes tachos haviam sido furados pelas cargas dos canhângulos dos adversários.
De volta nos cerca de trinta quilómetros, que era necessário percorrer, metidos naquela fortaleza em estradas de terra batida, muitas peripécias havia a comentar, como a do Esquim Pinto que, tendo possuído uma oficina de bicicletas, encontrava amigos como ninguém:
- Dizia ele:
- Em Nanbuangongo há grandes camaradas!
- O Teodoro retoquiu: Pudera!...
Passámos todo o tempo no meio das "Cucas", onde havia sempre alguém a pagar para nós!
Outra do Esquim Pinto, inveterado fumador:
- Agora só fumo C.T. (era considerado o melhor tabaco), mas só se for dado!
Viagens em escolta eram quase diárias. Tudo levado em jeito de divertimento e passatempo lúdico, não excluindo os perigos que podiam vir das matas.
No acampamento do Tari, o Onofre reflectia muito, uma forma de ser e estar, embora em contraste com a situação de guerrilha, dava para se sentir bem, apesar de tudo a sua existência era melhor do que a passada, assim como a futura jamais seria tão sofrida.
O optimismo iria manter-se em alta, durante os vinte e sete meses seguintes, que culminaram com o fim da comissão.

Fotos: arquivo de Daniel Costa
Daniel Costa

1 comentário:

  1. Daniel,
    Voce é
    ♥F♥...aça da sua vida o bastante
    ♥E♥...scute o seu coração
    ♥L♥...eia os olhos de quem te ama
    ♥I♥...nspire seu coração
    ♥C♥..onte comigo
    ♥I♥...dealize seus sonhos
    ♥D♥...ê mais de você a você mesmo
    ♥A♥...me quem te ama
    ♥D♥...eixe de lado a tristeza
    ♥E♥...assim
    ♥S♥...erá feliz
    meu sabio amigo,
    beijos

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