

ALAGOAS
E O PLANALTO
Reconhecida
desde as primeiras expedições portuguesas, a costa do actual Estado de Alagoas,
desde cedo, foi também visitada por embarcações de outras nacionalidades, para escanto
do pau-brasil.
Alagoas
aquando da instituição de Capitanias Hereditárias foi integrada na de
Pernambuco, a sua ocupação remonta à fundação da vila do Penedo em 1545, pelo
donatário Duarte Coelho Pereira, que incentivou a fundação de engenhos na
região, nas margens do rio São Francisco.
Região
celebrizada, por ter palco do naufrágio da nau Nossa Senhora da Ajuda e
posterior massacre dos sobreviventes, entre os quais o bispo dom Pero Fernandes
Sardinha, pelos caetés, em 1556. O episódio serviu de justificação para a
guerra de extermínio desse grupo indígena pela Coroa portuguesa.
No
início do XVII século, para além da lavoura de cana-de-açúcar, a região de
Alagoas já tinha expressão como produtora regional de farinha de mandioca,
tabaco e peixe seco, consumidos na Capitania de Pernambuco.
Durante
as invasões holandesas do Brasil, de 1630 a 1654, o seu litoral tornou-se terreno
de violentos combates, multiplicaram-se os quilombos no seu interior, os
africanos evadidos dos engenhos de Pernambuco e da Bahia.
Palmares,
o mais famoso chegou a contar, com vinte mil pessoas, no seu apogeu.
Os
quilombos constituíam locais de refúgio de escravos africanos e
afrodescendentes, em todo o continente americano. Eram entendidos pelo Conselho
Ultramarino, do governo português em 1740, como todo o agrupamento de negros
fugidos que passesse de cinco.
A
comarca de Alagoas, constitui-se em 1711, sendo desmembrada da Capitania de
Pernambuco, por decreto de 16 de Setembro de 1817, em consequência da revolução
pernambucana daquele ano.
Foi o
seu primeiro governador, Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, assumindo a
função a 22 de Janeiro de 1819.
Barra
Grande terá sido o primeiro ponto do Território de Alagoas visitado por
descobridores europeus, por ocasião da viagem de Américo Vespúcio em 1501.
Embora não haja qualquer referência àquele porto, excelente para acolher
navios. Como a expedição vinha de norte para sul, pode crer-se que o primeiro
contacto com a terra alagoana tenha ocorrido ali.
Vespúcio
assinalou um rio a que chamou São Miguel. A 4 de Outubro denominou São
Francisco o rio então descoberto, actualmente limite de Alagoas com Sergipe.
Nas
décadas seguintes os franceses andaram pela costa alagoana, no tráfico do
pau-brasil. O porto do Francês documenta a presença daquele povo.
Em
1570, em segunda bandeira enviada por Duarte Coelho, comandada por Cristóvão
Lins, explorou o norte de Alagoas, onde fundou Porto Calvo e cinco engenhos,
dos quais ainda existem dois. O Buenos Aires e o Escurial.
Neste,
repousou em 1601, o corsário Inglês Anthony Knivet, que viajara por terra após
fugir da Bahia, onde estivera prisioneiro dos portugueses.
Quão
é importante fazer-se uma reflexão, sobre a expansão marítima de Portugal, pela
lógica da dinâmica criação do reino, por D. Afonso Henriques.
Portugal
com a sua origem, como pais, no Condado Portucalense, devido a estar afastado
dos centros de decisão, politica, da cristandade europeia, então vigente, na
primeira dinastia, foi conquistando terras aos moiros, rumando ao sul.
Chegado
ao Algarve e consequentemente ao mediterrânio, estavam traçadas as fronteiras
do país.
Porém,
as elites constituídas pelos fidalgos, a irrequietude de espirito, a que não
seria alheia uma crescente demografia, iam ditando que as fronteiras se
estabelecessem para além do oceano, dado este ser patente, em metade do país.
Tudo isso
explica a expansão ultramarina, de que o Brasil foi paradigma.
Era
nisto que Teodósio de Mello meditava, enquanto ia pensando no quanto os portugueses
foram vencendo todos de obstáculos.
Só
assim se explica que o Brasil, na sua extensão, seja hoje um grande espaço da
lusitanidade, que a todos deve orgulhar, já que a nossa pátria é a nossa
língua.
Daniel
Costa