CASAL DO FOZ A TERCEIRA LENDA

Sem duvida, o Brasil é o País do futuro. Há apenas, de não se adiar esse futuro.

sábado, 24 de março de 2012

O COMBÓIO DO TUA

  
                    
O COMBOIO DO TUA

Desta vez Olavo, um pensador por natureza, ali esta de braços cruzados, a meditar no melhor modo de encerrar a investigação, abordando Filipe sobre a conclusão.
Tomou o pequeno-almoço no próprio quarto do hotel, lendo meditativo.
Resolutamente, acabou por tornar uma decisão e consultando a relógio, viu chegada a hora do menos agradável encontro.
De facto, não seria agradável um homem saber-se traído.
Antes das doze horas, chegava à empresa de Filipe, onde uma recepcionista o acompanhou à sala do gerente.
Este sem indicar que se sentasse, ergueu-se e convidou-o a saírem para almoçar.
Já no carro e a rodar para o restaurante, sempre pensativo, Olavo continuava meditando, então veio-lhe à ideia o pensamento de Cesterton, numa citação que lera:
“A ideia que não procure tornar-se palavra é inútil, e a palavra que não procure tornar-se acção é palavra inútil”.
Nisto, rodando na retaguarda de Filipe ia seguindo, já ao lado da linha férrea do antigo comboio do Tua, que passava, numa paisagem linda, parecendo selvagem ao mesmo tempo.
Para Olavo, o comboio do Tua, que a cantora Florência imortalizara numa canção designada mesmo COMBOIO DO TUA. Adoptara a comparação com o lendário EXPRESSO ORIENTE, da Rússia, que Aghata Christie se servira como cenário ao seu romances policial:
- ASSASSINATO NO EXPRESSO ORIENTE.
Imbuído destes pensamentos, muito comuns seus, estava a chegar à localidade de Romeu, freguesia de Jerusalém do Romeu ao, localmente, famoso restaurante MARIA RITA.
O restaurante fora uma antiga estalagem do mesmo nome, o da sua própria proprietária.
Dada a sua proximidade de Espanha, foi ponto de transição e de etapa, para espanhóis que se dirigiam, em tempos idos, à cidade do Porto, a segunda capital de Portugal.
Tudo ali, a própria arquitectura, falam do passado.
No interior do restaurante Filipe, acercou-se a uma mesa do canto e convidou Olavo a sentar-se.
Este embevecido com o que era dado mirar, acordou do seu torpor e reagiu, sentando-se.
O restaurante, mantendo as suas antigas, modernizara-se na arquitectura interior.
O menu que o distinguia, continua a ser marca indelével.
Uma característica que prendeu a atenção de Olavo, foi o azeite no prato, para molhar no pão como entrada.
Depois um dos pratos é o “bacalhau à Maria Rita”, confeccionado como no passado, a divina maravilha das maravilhas.
Enquanto ia decorrendo o repasto foi, então abordado o assunto que os levara ali.
Sem rodeios, Filipe disse:
- Meu caro, por seu mérito a minha suspeita foi já aclarada, Ana Paula decidiu abandonar-me de vez.
Contactou-me a informar da resolução de me trocar e a pedir para ir, acompanhada de uma amiga, recolher os seus objectos pessoais.
De imediato aceitei e prometi não estar em casa de modo a não interferir.
No fundo, outro novo amor a fará esquecer!
Ficava assim de modo abrupto, terminada a investigação do caso, de Chaves.
Porém Filipe ainda o quis apresentar a um descendente de Clemente Meneres que, negocia em vinhos e cortiça nos mercados da Europa do sul e Brasil, procurando estabelecer-se como, grande agricultor, pernoitara na estalagem “Maria Rita”.
Ficou enfeitiçado e optou pela localidade de Romeu.
Por ali adquiriu terrenos e criou uma grandiosa quinta, nomeadamente de vinhas e olivais.
De vinho tem a sua marca especial.
A localidade de Romeu continua a beneficiar do grande complexo agrícola, ali estabelecido, ainda nas mãos do clã Meneres.
Como corolário o restaurante abastecido, exclusivamente por produtos da quinta, é provido de uma grande e magnífica sala à parte para grandes reuniões de comensais.
Complementado com museu de antiguidades, destacando-se antigos automóveis, velhos rádios, grafonolas e telefones etc.
Finda esta visita de que Filipe fez questão de ser cicerone, despediram-se, de certa maneira efusiva.
Mostrou assim, Filipe uma grande urbanidade muito transmontana.
Dali, Olavo regressou a Lisboa!

Daniel Costa


8 comentários:

  1. Aprendo muito vindo aqui. Até agricultura!
    O Comboio da Tua, nunca havia ouvido falar e, com certeza, deveria mesmo ser imortalizado em música, dado o seu alcance cultural e charme.
    Tá vendo? Você me chamou, eu vim![risos]
    Carinho bem grandão para ti!!!

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  2. Amigo Daniel !
    Últimamente o Olavo tenhe investido em decições condicionados em fatos que o deixa pensativo.Talvez ele tenha sido sempre um homem frágil e distante de um caso desse.E por um processo inconsciente adentrar neste território tão fracassado perdeu a coragem...Mas como a história continua,vamos ver nos próximos capitulos sua inerência diante diante dos vínculos.
    Geograficamente e historicamente acrescenta muito o Combóio de Tua ao leitor,pois é uma viagem cativante.E esse vídeo veio de uma riqueza cultural para engrandecer a postagem do nosso amigo...
    Florência interpreta "O Comboio Do Tua" no Festival RTP 1979, classificando-se em 8º lugar com 63 pontos.
    Parabéns sempre por cativar seus seguidores ...
    Abç.

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  3. Querido amigo; o Olavo retrata muitos que trazem uma história de insucessos e fragilidade e talvez isso tenha sido favorável aos acontecimentos.
    Quanto a história do Comboio de Tua, eu não conhecia e gostei de saber. O vídeo também é muito legal!
    Beijos

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  4. Olá Daniel,

    O que mais me chama atenção nas suas histórias são os detalhes, você coloca lugares maravilhosos, e objetos que se encaixam como uma luva.
    O Olavo sempre se sai bem, nem precisou contar nada a Felipe , esse cara é mesmo de sorte, com esses casos que ele arruma, está se tornando um grande pensador... Gostei dessa citação.“A ideia que não procure tornar-se palavra é inútil, e a palavra que não procure tornar-se acção é palavra inútil”.
    Eu não conhecia nada sobre o "COMBOIO DO TUA". Através de sua história estou aprendendo muitas coisas que desconhecia.
    Você é um grande escritor.
    O vídeo é maravilhoso.

    Grande abraço meu amigo!

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  5. Daniel, meu querido amigo
    Desculpa-me esta demora tão grandeeeeeeeeeee!
    As coisas têm estado um pouco complicadas... e o tempo ainda mais reduzido...

    Fiquei muito feliz com o desfecho deste capítulo. Estava mesmo preocupada com o facto de o Olavo ter que transmitir uma notícia tão constrangedora...
    Mas tu deste-lhe a volta muito bem, e facilitaste-lhe a vida :)

    Muito boa a tua descrição da maravilhosa (e condenada???)Linha do Tua.
    Tive o privilégio de fazer esse trajecto há muitos anos, e confesso que sinto muita pena ao pensar que ela pode acabar...
    Esperemos para ver...

    Se não nos "virmos" antes da Páscoa, desejo que a passes com muita saúde e muita Paz.

    Beijinhos

    PS – Por motivos alheios à minha vontade não tive possibilidade de vir ao pc durante mais de uma semana, e por isso só hoje estou retribuindo e agradecendo a sua visita.
    Conto com a sua compreensão. Obrigada!

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  6. Os ambientes onde coloca seus personagens é encantador. Você nos apresenta os locais e nos permite uma viagem, além do sabor da narrativa. Olavo nem precisou dizer o que ficou sabendo, pois o coração de Filipe se antecipou.
    O vídeo é lindo!!
    Grande beijo e uma FELIZ PÁSCOA!

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  7. Olá Daniel,

    Um belo capítulo pela riqueza da narrativa. Nada sabia sobre sobre o "COMBOIO DO TUA" e gostei muito do vídeo.
    Sorte do Olavo de ter escapado do desconforto de ter que comunicar uma traição.

    FELIZ PÁSCOA!

    Bjs.

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