
Porto - aspecto de Magestic (foto Internt)
A VIAGEM AO PORTO
Para percorrer um longo caminho, nada como dar o primeiro passo, meditava Olavo, seguindo para o Porto, não pensado na viagem, propriamente dita, mas sim no novo percurso de investigador que ora iniciava.
Em breve estava a chegar à zona da Bairrada, logo após Coimbra, com inúmeros restaurantes, a servir o famoso leitão assado no espeto em fornos de lenha.
Ali se pode comer o melhor leitão do mundo, basta dizer que o animal é apenas criado até um certo peso, depois com as suas vísceras e sangue com picante, a servir de molho, para temperar o prato na mesa a gosto.
Prato que acompanhado com o magnifico vinho verde da região, é uma das jóias da culinária portuguesa.
Foi num desses restaurantes, que Olavo almoçou, um homem com o prazer da mesa, para ele um ritual.
Logo após, sempre imaginativo, seguiu viagem, absorto nos seus pensamentos.
Depressa chegava ao Porto, cidade muito sua conhecida.
Havia de aproveitar bem o tempo, não só directamente, no que o levara ali, mas também para rever algumas belezas da cidade.
Estacionou o carro num parque estratégico, afim de apenas o utilizar de regresso.
Dali, subindo a bonita Rua 31 de Janeiro, ao cimo cortou à esquerda, para a grande Rua de Santa Catarina, onde se encontra delegação que queria fixar.
Depois tomou um “cimbalino” (café no Porto) no famoso Magestic, de velha tradição, onde iria começar.
Pareceu-lhe provável ser ali que iria encontrar Hugo, objecto da sua investigação.
Segundo pensou, seria cedo para encontrar o passarão.
Contava vigiá-lo desde a sua saída da empresa e ser seu “guarda-costas” muito discreto.
Desceu a dar uma mirada pela Avenida dos Aliados e a decantada e famosa Torre dos do Clérigos.
Chegou a hora calculada para subir de novo a Rua de Santa Catarina, à altura de ficar de “plantão” a ver as saídas.
Até que Hugo saiu e como Olavo tinha previsto, encaminhou-se logo para o Magestic.
Sentou-se numa mesa já ocupada por uma senhora.
Ali ficaram ambos em jeito de intimidade, a dar mostra inequívoca de arranjinho.
Com o seu celular e discretamente, dando ares de com ele brincar, bateu duas fotos com os pombinhos.
Dali saíram ambos para o hotel, onde Hugo estaria hospedado.
No dia seguinte conferiria se sairiam juntos.
Não dando o dia por terminado, voltou ao Magestic, escolheu uma mesa servida pelo mesmo empregado, a quem gratificara principescamente.
Pediu uma francesinha, um prato típico, em jeito de lauta sandes confeccionada com bons e vários ingredientes.
A seguir a ser servido, fez perguntas sobre aquele casalinho.
Soube que o senhor doutor Hugo, quando ia ao Porto, era “habituê” da casa, invariavelmente, acompanhado por Rute, empregada na empresa.
Assim ficou na posse dos dados que lhe interessavam.
Visitou, depois, um seu amigo de longa data, o Emanuel, que decerto lhe ofereceria, como era seu hábito, um cálice de Vinho do Porto da sua própria garrafeira.
Assim aconteceu, o amigo sacou de uma garrafa daquele verdadeiro néctar, de 37 anos – “Old Porto Wine”, como diriam os Ingleses.
Como era saboroso, degustado, num cálice de cristal! …
Antes de o saborear, primeiramente abanou o cálice, para melhor sentir o seu odor aromático.
Como apreciador, foi conversando e repetindo a operação.
Um pouco de Vinho do Porto deu para acompanhar uma salutar conversa, como sempre acontecia.
Depois, agradeceu e despediu-se, ainda tinha de procurar hotel onde dormiria nessa noite.
Depois faria um telefonema à sua querida mulher Vera.
No dia seguinte, procederia a uma confirmação dos dados apurados, para dar por finda a investigação.
Daniel Costa