

RIO
GRANDE DO SUL
À
época da descoberta do Brasil, a região que actualmente forma o Rio Grande do
Sul era habitada pelos índios minuanos, charruas e caaguarás que já lá viviam
há 12 mil anos aC.
Sabe-se
que foram bons ceramistas e que na caça usavam boleadeiras (espécie de fundas,
que eram lançadas aos pés dos animais, em corrida, causando-lhes a queda e
assim possibilitando ao caçador, matar as peças). A boleadeira é até hoje um
dos instrumentos do peão gaúcho.
Essas
tribos viveram bastante tempo com os brancos colonizadores e as disputas entre
Portugal e a Espanha sobre os limites das suas possessões das Américas fizeram
com que a região só viesse a ser ocupada no século XVII.
Os
jesuítas espanhóis foram os primeiros a estabelecer-se no local.
A
geografia do estado do Rio Grande do Sul, que se divide em onze regiões
fisiográficas e o Tratado das Tordesilhas, de 1494, que dividiu a soberania
sobre os descobrimentos entre Portugal e Espanha, influíram para retardar a ocupação
a leste, por aqueles.
No
caso do Brasil, o meridiano estendia-se a cerca da ilha de Marajó até à baia de
Laguna, em Santa Catarina.
Dadas
as dúvidas, sobre o ponto exacto, onde devia passar a linha que se
convencionara e situando-se o rio de São Pedro na zona discutida, nenhuma das
nações, se apressava a ocupá-lo, por temer de novas dificuldades diplomáticas.
No
entanto, em princípios do século XVII a Espanha penetrou na margem esquerda do
Rio Uruguai, por intermédio dos jesuítas, os quais, a partir do Paraguai, estabeleceram
as suas “reduções” (aldeamentos indígenas organizados pelos jesuítas espanhóis
no novo mundo), chegando perto donde se situa a hoje Porto Alegre.
A
seguir, chegam os Bandeirantes, que destruíram a província do Guairá e descendo
à província de Tape, no coração do Rio Grande do Sul, assim como à do Uruguai,
desbarataram as aldeias, com o aprisionamento dos índios, levando-os como
escravos para as suas lavouras.
António
Raposo Tavares foi um dos maiores chefes dessas expedições predatórias.
Os sobreviventes
fugiram com os jesuítas mais para sul, onde se fixaram na margem direita do rio
Uruguai.
Depois
de bastantes batalhas e escaramuças entre portugueses e espanhóis reivindicando
direitos, tendo em vista, sobretudo, o tratado das Tordesilhas, celebrado entre
ambos os países, onde o força guerreira, se foi fazendo sentir, finalmente os
portugueses puderam colonizar o Rio Grande do Sul.
Evangelizar
os indígenas foi sempre um
dos objectivos, no caso os missionários procederam sempre outras forças.
Nem a pressão dos bandeirantes pôs fim à
presença dos jesuítas na margem oriental do rio Uruguai, que cinquenta anos
depois, sempre atraídos pelas disponibilidades económicas da região, sobretudo
pelo gado, retomando o território perdido, fase que veio a terminar, precedida
de longas indecisões diplomáticas, que só terminaram com uma rápida acção
militar em 1801.
A conquista do Rio Grande do Sul e seu
povoamento são obra do carácter da gente portuguesa.
O litoral do actual território do Rio Grande
do Sul, só foi explorado pela expedição de Martim Afonso de Sousa,
provavelmente cabendo-lhe a primazia da descoberta da barra do rio Grande, ou
de São Pedro.
O Tratado das Tordesilhas não impediu que
a coroa Portuguesa se atribuísse o território do Rio Grande do Sul, na verdade.
Daniel Costa