
PERCEBES DO BALEAL
Dois dias volvidos e novo encaminhamento para Peniche.
Desta vez calhou, irem para a paradisíaca praia do Baleal.
Passaram antes, pela vila de Atouguia da Baleia, onde em tempos
mais antigos, chegava o mar.
Antes do assoreamento da região, era ali que se situava o
porto de pesca, que ora floresce em Peniche.
A igreja matriz, a catedral de S. Leonardo, visitada por
Olavo e Vera, a sua viga mestra era de osso da baleia, segundo ali souberam.
Este ficara a fazer parte do seu espólio, ficando em local
visível, após obras de requalificação.
Logo após foram para a praia do Baleal,
O Baleal, em si, é como um ilhéu, rodeado de água em cerca
de três partes, sendo a quarta composta de areal.
Até há poucos anos, só se podia atravessar em carro, todo o
terreno, para transportar mantimentos para terra.
Depois foi construída, pela praia uma estrada, em altura que
permite a circulação rodoviária
No mar junto ao Baleal, existe um penhasco, muito perigoso
de abordar devido ao fluxo das marés.
O facto permite o percerbe, crustácio que nele se cria, ter
tempo de se desenvolver bastante, pela difícil acessibilidade humana.
Em tempos de Verão, o mar acalma, com marés mais propícias à
sempre difícil abordagem.
Assim bastantes mariscadores, a bordam, a fazer a apanha
possível, vendendo o produto d seu trabalho.
Olavo sempre, atento ali estava, acompanhado da sua bela
Vera.
Na abordagem a um outro casal próximo, soube que em Ferrel,
da mesma freguesia há um restaurante a apresentar, diariamente percebes para
petisco, depois das três horas da tarde.
Petiscar é o seu forte, gastronómico, quando se trata de
bons sabores, como no caso.
Determinou com Vera saltarem a Ferrel, naquela hora, a
almoçarem, deglutindo o petisco, constituído por percebes cozidos.
Antes porém, no Baleal, tomaram um refresco, acompanhado com
chocolate.
A chegarem a Ferrel, junto ao restaurante, ainda na rua, já
o cheiro exalava convidativo.
Entraram e regalaram o palato, com aquele marisco.
Repetindo a dose, foi almoço e jantar, um grande prazer!
Sempre, como policial, ainda que partícular, estava sempre
de serviço.
Em breve trecho, já estava familiarizado com gente local.
Logo soube, ser já da tradição, uma corrida de burros, por
ocasião da festa local.
A corrida festiva atrai muitos forasteiros e tem um motivo
particular,
Até cerca dos anos setenta de século passado, um ferralejo
adolescente, para ser homem, teria de ser possuidor de um burro e porquê?
A certa distância, há a lagoa de Óbidos. Na época do
berbigão, ali se produzia a apanhava muito, os burros serviam de transporte.
O seus donos, carregam-nos e faziam a distribuição do mesmo, por
inúmeras aldeias.
Também era feita limpeza, no famoso, pinhal de Leiria, de
sama (caruma de pinheiro). Esta era constituída, por dois artísticos molhos,
carregados em burros, a serem vendidos em aldeias da vizinhança.
Por fim os burros de Ferrel em fila, frequentemente,
preenchiam toda berma da estrada, cerca de quatro quilómetros, de Ferrel e o
Baleal.
Chegada a hora, estava em Peniche, no bar “Java”.
Já estava Amaral e Rosália, à sua espera.
Aquele acenou, para que se sentasse!
Olavo fê-lo, depois de cumprimentar Abel e lhe pedir
permissão, para sentar Vera na sua mesa.
Tomou então lugar na mesa de Amaral.
Este sem cerimónia disse:
Rosália e eu, resolvemos casar, assim que Bernardo lhe
conceda o divórcio.
Olavo apenas ouvia:
- De seguida Amaral,contratou-o na sua qualidade de Inspector para intermediar o processo.
Contactaria o ainda marido, em São Paulo, com despesas por
sua conta, viria a Peniche, assinar o divorcio.
Olavo estaria presente e procuraria fazer com que a assinatura
fosse amigável.
Depois o Inspector aceitou a proposta e prometeu, na semana
seguinte estar, com Bernardo em
São Paulo.
No fim, na mesa de Abel reuniu-se à sua Vera e regressou a Lisboa.
Daniel Costa