FORTE DE SANTA CATARINA DE CABEDELO
Primitivamente construída em
taipa, a estrutura foi arrasada durante a governação de André de Albuquerque,
por um ataque combinado, em 1591, de corsários franceses e indígenas.
Reconstruído a partir do ano
seguinte, em alvenaria. Foi concluído em 1597 com a invocação de Santa Catarina
de Alexandria, padroeira da capela do forte, e como homenagem a Dona Catarina
de Portugal, Duquesa de Bragança.
Teodósio de Mello de já
adoptara a cidade de João Pessoa, como sua, pela consabida urbanidade, pelo
clima tropical-ameno, pelo seu verde, pelos seus quilómetros de costa e
sobretudo, por ser a cidade da sua amada Samira, a sua romântica paixão.
Ainda por se situar no ponto
das Américas, onde o sol nasce mais cedo, propício, portanto para os seus
estudos sobre a descoberta do País e dos muitos navegadores, que por ali terão
passado, deslumbrando-se.
Tal com os habitantes da
cidade, capital da Paraíba já se achava bem integrado no ambiente, tanto mais
que vivia à vista daquele mar que há séculos fascinara inúmeros navegadores.
Entre os frades que sempre
acompanharam as expedições, alguns já aplicariam a sociologia, criada séculos
depois, como ciência, por Augusto Comte, já citado.
Este viria a ser seguido por Émile
Durkheim, que criou a disciplina académica da sociologia, muito poderia estudar
as motivações da colonização do Brasil, ao longo de séculos, por portugueses.
É que teve de haver algo de
místico motivador, devido a bastantes guerras e perigos eminentes a enfrentar,
que só a sociologia, tal como a conhecemos hoje, pode explicar.
No mesmo ano, de 1597, uma
esquadra francesa, de treze navios, com uma força de 350 homens, atacaram o
forte por terra, do que resultou a morte do seu comandante, durante a
resistência ao assalto.
O Capitão João de Matos
Cardoso reassumiu então comando.
Em 1601, a guarnição era de
um comandante Capitão, um alferes, um sargento, um tambor e vinte soldados
armados com mosquetes; artilhado com três peças de bronze e nove de ferro.
Em 1611 as peças de bronze
foram refundidas em Pernambuco e no ano seguinte, trezentos soldados com
arcabuzes, faziam parte do seu efectivo. Da sua artilharia constavam onze
peças.
Em 1618, reconstruido pelo
Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias
Mesquita.
Em 1603 a 1634 auxiliou a
defesa de terra, contra um desembarque holandês sob o comando do Almirante
Boudewign Hendrickszoon por alturas da baia da Traição.
Em 1631, ainda no comando do
Capitão João de Matos Cardoso, já com a progressiva invasão holandesa, o forte teve
as suas defesas reforçadas, com a guarnição de duzentos homens e artilhado com
dezoito peças, resistindo ao ataque de Dezembro.
Depois 16 navios, 1300 homens
no comando do Coronel Hartman Gottfred von Stein Callenfels atacaram, perecendo
Jerónimo de Albuquerque Maranhão. As baixas holandesas ascenderam a duzentos
mortos e cento e cinquenta feridos.
O forte, na ocasião, estaria
artilhado com catorze peças de bronze e quarenta e duas de ferro.
Rechaçado o ataque holandês,
de 25 a 28 de Fevereiro de 1634, 24 navios e 1200 homens, comandados por
Sigismundo van Schkoppe, o forte sofreu melhorias na direcção do Diogo Pais,
tendo passado a ser artilhado com seis peças de bronze e doze de ferro.
No entanto os holandeses
irredutíveis, voltaram a atacar, desta vez com 29 navios e 2350 homens,
comandados por Schkoppe, que chegou à Paraíba a 3 de Dezembro de 1634. No
ataque iniciado no dia seguinte, veio a perecer o Capitão Matos. Substituído
pelo Capitão Jerónimo Pereira, em 12 de Dezembro de 1634, que por seu turno,
veio a cair, sendo substituído, no comando, por Francisco Gregório Guedes de
Souto Maior.
Em 19 de Dezembro, nova frota
holandesa, vinda do Recife bloqueou a barra do rio Paraíba, alvejando o Forte
de Santa Catarina, em seguida sitiado por tropas de terra.
Ao mesmo tempo, a 23 de
Dezembro, caia o Forte de Santo António, que o apoiara, cruzando fogo na margem
oposta a norte da foz do rio Paraíba.
Ainda resistiu a Praça por
quinze dias, porém com as muralhas arrasadas, sem munições, a artilharia
danificada, a capitania rendeu-se.
A cidade de Filipeia e a
capitania da Paraíba foi entregue aos holandeses.
A luta custou à defesa,
oitenta e dois mortos e cento e três feridos.
Os holandeses, vieram a
perder o controlo de Frederica… Filipeia de Nossa Senhora das Neves em 1645,
ficando limitados e restritos à ocupação deste forte e do de Santo António.
Aquando da sua capitulação,
no Recife em 1645 abandonaram estes, que foram reocupados por forças
portuguesas, comandadas pelo Coronel Francisco Figueiroa.
Ao longo dos tempos, o forte
foi-se degradando e pelas cartas régias de 28 de Novembro de 1689 e de 29 de
Agosto de 1697, reiteradas por ordens datadas de 28 de Agosto de 1699, deu-se a
reconstrução com a planta, inicialmente, traçada pelo Sargento-mor Pedro
Correia Rebello, mais tarde revista e ampliada pelo Engenheiro Luiz Francisco
Pimentel.
O forte… Fortaleza, como
Teodósio de Mello, já teve ocasião de visitar, fica apenas a 18 quilómetros da
cidade de João Pessoa, na embocadura do da foz do rio Paraíba, já na cidade
portuária do Cabedelo.
Mais uma testemunha, da presença
portuguesa no Brasil colonial, que os roteiros turísticos assinalam.
Teodósio de Mello, também
comtemplou, demoradamente todo o complexo, defensivo e verificou ser muito
visitado por grande afluxo turístico.
Daniel Costa
Cá vim ler com gosto a sua lição de história do Brasil...
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Mais um belo pedaço de História brasileira (e portuguesa...).
ResponderEliminarBom resto de semana, caro Daniel.
Abraço.
Esse teu futuro livro deveria ser obrigatoriedade nas escolas, a perfeita História do Brasil, por Daniel Costa. O que achas?
ResponderEliminarBeijo!
Tais Luso
ResponderEliminarNa verdade, essa ideia não cabe ao autor. O autor tem dois anos de pesquisas e tem na ideia fazer várias palestras na Universidade Sénior que frequenta, onde já teve várias, pequenas, intervenções. É que em Portugal, há grande, diria masoquismo, em relação à colonização do Brasil.
Beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOlá Daniel, me deparei com esse rico texto, sou paraibana e até bem pouco morava em Cabedelo, é uma linda história (tudo junto e misturado)
ResponderEliminarBrasil e Portugal, o Forte hoje vive um momento bem especial, usa-se para realização de Eventos culturais tendo a frente o Agente Cultural paraibano mestre Tadeu Patrício que faz um belo trabalho apresentando o folclore paraibano, também realizam casamentos e a nossa (SCEP)
(Sociedade Cabedelense de Escritores e Poetas) nos reunimos para decidir sobre a Instituição e outros acontecimentos. Fiquei orgulhosa por ver a cidade de Cabedelo sendo citada e você mostrando esse relato. Obrigada.
Abraços!
MEUS TRAÇOS E LINHAS
EliminarJá por duas vezes tive perto do forte do Cabedelo, creio porque nessas vezes (2015 e 2016) estive a assistir ao pôr do sol na praia do Jacaré. Aliás escrevi no meu livro TOP SECRET OLAVO um capitulo cujo cenário é a cidade do Cabedelo.
De resto, já que o observatório (diga-se assim) do único personagem que conduz o estudo, está sediado em João Pessoa, a cidade e a Paraiba, têm vários capitulos. Tudo vai terminar no próximo capitulo: PEDRA DO INGÁ. Depois haverá livro para que já há Prefácio e Posfácio de escritoras brasileiras.
Obrigado pelo comentário,
Abraços
Caro Daniel, como tenho dito em outras postagens, aqui sempre aprendo um pouco mais sobr o Brasil. Parabéns pelo belo trabalho sobre a História de Santa Catarina.
ResponderEliminarGrande abraço.
Pedro
Graças pelo aumento de meus conhecimentos.
ResponderEliminarAbraço forte