GREJA DE SÃO FRANCISCO - CENTRO HISTÓRICO DE JOÃO PESSOA
A monumental igreja de São Francisco pode ser considerada, como um dos paradigmas
da evangelização que fez parte da colonização. Assim meditou Teodósio de
Mello, ao visitá-la, demoradamente, o que fez parte do seu estudo sobre a
colonização do Brasil.
Dado ter estabelecido morada, naquele paraíso tropical, que é João
Pessoa, a grande cidade atlântica, por natureza. Já por lhe parecer ter uma
das melhores localizações, para miradouro da história da colonização do
Brasil, tendo em conta a extensão das suas costas marítimas, estava também
a deparar-se com valiosos monumentos históricos.
A arquitectura franciscana da igreja, é historicamente, e não só,
extremamente valiosa, para o estudo da missionação e até da aculturação,
sobretudo do Nordeste do Brasil, por consequência, de toda a grande Nação Sul-Americana,
de língua portuguesa.
A igreja de São Francisco faz parte do Centro Cultural, do mesmo nome, de
João Pessoa, criado já no século XX, no governo de Tarciso de Miranda
Burity. Ali funciona o complexo arquitectónico, que além desta igreja, que
possui no adro um cruzeiro, notável testemunho, do Barroco no Brasil.
A igreja destaca-se, em primeiro lugar como pode ver-se, um cruzeiro na
entrada do adro. Uma grande cruz monolítica, onde se vislumbram diversas
águias bicéfalas, cujas representariam a chamada união ibérica, entre
Portugal e Espanha, uma vez que Filipe II de Espanha, governava Portugal,
como Filipe I a partir 1556.
Antes da porta principal, pode ser visto um terraço, mais conhecido
como galilé, uma área onde os indígenas e as prostitutas ficavam a assistir
à missa, visto que não lhes era permitido entrar na igreja com outras
pessoas.
Remontam, as suas origens, à chegada ao local, em 1588 de Frei de
Melchior de Santa Catarina, designado para instalar ali uma missão franciscana.
Todo um convento foi fundado em 1589, com projecto de Frei Francisco
dos Santos, quatro anos depois da ocupação da região pelos portugueses,
tendo sido concluído em 1591 pelo Guardião Frei António do Campo Maior.
A sua conformação, presente, é fruto de várias reformas dos séculos
XVII e XVIII.
Inicialmente, era apenas uma pequena edificação de taipa com doze celas
e um claustro, depois ampliada nos anos seguintes, já em alvenaria e pedra
calcária.
Em 1634 foi ocupada pelos invasores holandeses e transformada em
fortificação.
Depois recuperada pelos franciscanos, que a reformaram, concluindo-a em
1661. Nos seguintes dois séculos sofreria outras intervenções, até a
fachada da igreja ser concluída em 1779, conforme a data gravada no
frontispício.
Os interiores foram ricamente decorados, destacando-se a azulejaria, talha
dourada e pintura.
Todo o convento se tornou o maior centro franciscano a norte de Pernambuco
tendo um papel decisivo na ocupação da região, devido ao trabalho
missionário e cultural dos frades.
A decoração interna apresenta várias alegorias ao assunto.
O conjunto arquitectónico é considerado, o mais perfeito representante
da escola franciscana de arquitectura do nordeste brasileiro, no estilo;
Barroco-Rococó.
O tecto da igreja é decorado com uma das mais importantes pinturas de
arquitectura ilusionística do Barroco brasileiro mostrando a glorificação
dos Santos Franciscanos.
A tradição atribui a José Joaquim da Rocha, fundador da escola baiana
de pintura, a sua autoria, mas há pesquisadores a defender outros autores.
O claustro, é a parte mais antiga, terminado cerca de 1730. Este revela
influência mourisca, sendo constituído
por um pátio quadrado, cercado por uma galeria coberta, para onde se abrem
as celas.
Os azulejos das paredes laterais são decorados com motivos vegetais. No
interior e no adro também há vários painéis de azulejos. Na primeira os
motivos são a história de José do Egipto, no segundo, cenas da Paixão.
O púlpito, cuja beleza é indesmentivelmente maravilhoso, foi
considerado pela Unesco, único no mundo, pelo esplendor da sua talha
revestida a ouro.
A igreja é uma verdadeira obra
de arte que emociona, como emocionou Teodósio de Mello, pela sua grandiosidade,
harmonia e graciosidade. Até pela intemporalidade.
O piso do adro é em lajes bem antigas.
Daniel Costa
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